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Muito investimento, pouco retorno. E vem a crise

Entre os departamentos da ISAEC foi a Editora Sinodal que mais apresentava um potencial para ser desenvolvido comercialmente, motivo por que ela estava na ordem do dia e no foco do interesse de muitas reuniões com a administração da ISAEC. Mas a ânsia da administração central em fazê-la crescer e anexar-lhe novas atividades ainda na fase de consolidação da nova estrutura provocou uma grave crise. Inicialmente, já em agosto de 1972, foi incorporado à administração em São Leopoldo o setor ISAEC —Gravações e Produções, com seu estúdio em Porto Alegre.

Com o objetivo de aproveitar bem as boas instalações da gravadora para gerar recursos, partiu-se para a gravação de discos, principalmente de música tradicionalista. Em nome da Editora Sinodal Musical foram feitos contratos com músicos e artistas, alguns de renome. Certa ocasião, tivemos a oportunidade de cumprimentar a atriz Sandra Bréa em nossa loja, onde ela distribuiu autógrafos e beijinhos, e como bom promotor de vendas o pastor Brueckheimer lhe ofereceu um exemplar de cortesia do Castelo Forte-Devoções Diárias.

Realmente houve uma intensa atividade de produção: em dois anos saíram 72 discos, dando à ISAEC a liderança no Rio Grande do Sul. Fizeram-se grandes esforços para colocar os discos em todo o território nacional, com vendedores e atos de lançamento nos principais mercados, inclusive em Manaus. Apesar disso, o retorno dos investimentos foi insuficiente e mostrou-se impossível competir, a partir da estaca zero, com as multinacionais experientes no ramo. Com a crise do petróleo, encareceu a matéria-prima, acentuando as dificuldades. A produção de discos foi desativada em 1979, após ter gerado uma crise financeira para a ISAEC toda.

A MAIOR CRISE

Imagine-se que esta aventura corria paralela a outros desafios e compromissos que exigiam recursos e pessoal, como a construção do prédio da ISAEC, como vinha sendo chamada a sede da Editora, e a instalação e compra de emissoras de rádio.

Esses projetos de rádio estavam sendo planejados sob a orientação do pastor Hilmar Kannenberg, desde 1975/76, dentro da política de comunicação multimedial, que se desenvolvia na ISAEC. Esta, sendo sociedade civil, não pôde se habilitar para a obtenção de canais, motivo por que foi criada a pessoa jurídica da Fundação ISAEC de Comunicação (FIC), em 27 de dezembro de 1977, sendo também administrada na Casa Sinodal. A partir de então, as atenções e preocupações da administração ficaram principalmente voltadas para estes projetos de comunicação eletrônica. Foram requeridas verbas do exterior, aprovadas para virem em março de 1979, mas devido a alterações necessárias no projeto, começaram a ser liberadas só no fim de 1979. Entrementes, os cronogramas de implantação impostos pelo governo tiverem que ser cumpridos, isto é, os projetos tiveram que ser pré-financiados com recursos internos. Nesta situação, todo dinheiro ao alcance da ISAEC e da IECLB/RE-IV foi canalizado para a FIC.

Com isso também a Editora Sinodal ficou descapitalizada, sofrendo a maior crise de sua história: perdeu o crédito com dezenas de fornecedores, pagou as duplicatas em cartório, ficou devendo às gráficas, teve altíssimas despesas financeiras com juros e desconto de duplicatas; a administração deixou de recolher Imposto de Renda e encargos sociais… E, na contabilidade sempre em atraso, não se podia ver quem devia a quem entre os departamentos ligados à ISAEC, cujos recursos estavam em contas comuns. Assim era fácil alegar que a Editora Sinodal era o pivô da crise, como o pastor presidente declarou perante o concílio da Região IV em Sapiranga, em 1980, quando os conciliares questionaram o investimento de recursos da Igreja na ISAEC. De parte da Editora contestei as alegações, e os fatos começaram a ser apurados.

AUDITORIA

O presidente da ISAEC, pastor Rodolfo J. Schneider (desde setembro de 1979), mandou fazer uma auditoria no 1° semestre de 1980. A partir de então começou a tornar-se mais transparente como haviam sido aplicados os recursos comuns naquela situação de emergência. Depois, foi efetuada a separação física de ISAEC e FIC. A FIC devolveu à ISAEC o capital emprestado desde setembro de 1977. Fez-se um cronograma de liquidação para pagamento de juros e encargos sociais renegociados, e um acerto final, a grosso modo, em agosto de 1983, deixando cair em fundo perdido 47,18% de débitos remanescentes.

Sobre este difícil período o pastor Kannenberg relatou em agosto de 1980: O sofrimento e até o estremecimento temporário de relacionamentos é consequência lógica deste crescimento. Muitos saíram perdendo, mas quem ganhou com tudo isso foi a IECLB — Caberá aos historiadores averiguar.

Depois, aos poucos e com mais alguns sobressaltos com as dimensões dos riscos que haviam sido assumidos, a casa foi posta em ordem. Tiveram grande mérito nisso Victor Rech, administrador da ISAEC a partir de junho de 1980, e, na parte da Editora, Renato R. Krohn, gerente desde fevereiro de 1981. Em virtude das experiências havidas com contas e competências demasiado centralizadas, resolveu-se esvaziar a ISAEC em sua estrutura central, ou seja, passar para os departamentos a administração de seus próprios recursos, a partir de janeiro de 1986, mantendo em condomínio apenas o setor de pessoal e a contabilidade.


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